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Novena entrega


¡AHHHH! Me sube uma nostalgia pior que la tristeza cuando recordo aqueles días sem noites com meus colegas du Hotel Fantástico: lo Cholo, que se vino a pie desde Trujillo, sólo solito com sua zamponha, seu burro, sua bolsinha de poemas e mais nada; lo DJ Cachacón, que se vino de Asuncião com uma valija de CD´s truchos, decidido a triunfar nas discoteques portenhas; lo Zezão Pezão, que chegou da Paraíba com los botines nu ombro pra provar sorte no futebol e terminou tocando lo bongó e la tambora nu meu conjunto de chamamé tropical Los Chakembói. Depois estavan la Marta e suas gurisas, Lucy: la travesti boxeadora, e lo Bolita, que nei bien chegou de La paz se puso uno quiosquito dentro du hotel, onde vendía desde merca hasta curitas e inyeciones, quiniela, pan caseiro, salamines e libros de poesía.

Agora que estou mais morto que dios e lo único modo que tengo de voltar a la terraza du Fantástico é com lo recuerdo, me ataca uno sofrimento macho. Me entram unos deseos violentitísimos de tomar la máquina du tempo e voltar pra trás. Com muitísimo gosto pondría la tembiasakué culo pra cima e saldría echando putas, le gritando a la morte ¡CHAU CHÉ! ¡HASTA JAMÁIS DE LOS JAMASES! ¡PODRIDAZA!

Si eu pudese facer iso seguro hoje estaría muitu vivinho, escrevendo uma outra estória e não ésta que comenza nu momento em que me morro desa morte absurda e cursi da que uno sólo pode se morir nas mais piores novelas.

Nesta horizontalidade da maldita morte se me terminou lo agora e lo despois. Ya não tengo nei siquiera la desesperacião da espera. Nada. Ko´êro: apenas uno desejo au que estou condenado pra la eternidade. Ko árape: uma imovilidade estatelada onde nada mais acontece, nada mais pulsa. Nei lo pereré du corazão, nei lo tyrytytý du chamamé. Nada. Nei nada.

Solamente tengo lo recordo. Ñe´é morta. Virando em minha zabeca. Em círculos. Sin parar. Ñe´é morta. Dando voltas. Memória. Sin ko. Ñe´é morta. Sin ko´ê. Sin ko´êro. Sin ko´êmbuéramo. Ñe´é morta du recuerdo. Kuehé. Kuehé ambué. Tembiasakué. Ñe´é morta. Virando en círculos. Tumbýky-tumbýky. Sin parar. Ñe´é morta. ¡AÑAREKOPEGUARÉ!

Estou nu lugar sin lugar desta morte absurda que me quebrou la esqueletumbre du tempo: ¡CRAK! Muerto: morto: angué: com lo futuru kuruvikado: amarrado a la ñe´é du recuerdo. Desde este aquí sin onde te conto lo karakú da novela de mia vida. Nesta gramática-í du pasado perifoneo em mia lenguaje pra não faltar a la verdade. Te juro. Preciso te contar tin-tin por tin-tin la tembiasakué de mia asencião e declinio. E ela viene pegada, como si ouviesen nacido juntas, a la tembiasakué da música mais desenfrenada e triste du mundo todo: lo chamamé.

Não poso escrever la novela du futuru que gostaria. Algo num lenguaje críptico que eu ouviese criado pra lo bicho humano falar com los marcianos cuando conquistase lo planeta bermejo. Também não poso te contar la belezura da gurisa que nunca conocí, mas que eu pensaba que seguramente um día conocería. E lo mais pior, nei poso pensar, ya não digo facer tyky-tyky com mia cordiona de seis fileiras, nei siquiera pensar poso nu chamamé cyberespacial du futuro: esa música desenfrenada que nadie nunca imaginou nei imaginará, mas que eu sabía que un día inventaría pra arreventar las zabecas du mundu todo.

Opama katú la fiesta. Nestas profundezas da morte ya não poso criar novas formas de cha-ma-me-ce-ar. De suerte poso ouvir dentro da minha zabeca, sonando na radio du recuerdo, lo chamamé-tropical, lo tecno-chamamé: mias propias creaturas: lo chamamekué: mostritinho que hoye é furor nas discoteques, nas radios, na tevé, nus satélites mundiais du mundu todo, e que hoye lo mundu todo baila como si estiviese posuído pelu mesmísimo demónio: añá. ¡AÑARETÃMEGUÁ, CARAJO!



Chakemboi: cuidado la víbora
Tembiasakué: historia
Ko´êro: mañana
Ko árape: hoy
Pereré: latido
Ñe´é: palabra, alma, lengua
Ko: andar, vivir, estar
Ko´ê: amanecer
Ko´êro: mañana
Ko´êmbuéramo: pasado mañana
Kuehe: ayer
Kuehe ambué: antes de ayer
Tumbýky: trastumbo
Añarekopeguaré: concha del diablo
Angué: alma de muerto
Kuruvikado: hecho añicos
Gramatica-í: gramatiquita
Opama katú: pues se acabó
Chamamekué: antiguo chamamé
Aña: diablo
Añaretãmeguá: infernal

Oitava entrega



La porta se abriu e de trás apareceu uno negrão de unos dois metros de altura vistiendo traje com galera cor azul e ouro. Lo tipo, de tão pukú-pukú, demorou cuasi uno minuto em se inclinar hasta lo suelo e facer uma reverencia, como si quisiese nos mostrar lo camino. La Lucy pasou moviendo lo uquelele ¡sucundúm sucundúm! e sin se detener, mirando pra lo negro apenas por encima du ombro, como si ele fose uma mosca, nos apresentou.

Zezão Pezão (dijo la rubia com sua voz de eireté hê´é que a mí me ponía elétrico-elétrico), estes são lo Sinforiano Ortiz e lo Cholo, dois maravishosos músicos de shas que a partir de agora vão ser lo plato forte du Hotel Fantástico. A lo negro se le blanquiou lo rostro de uma oreja a la outra, como si sua boca fose se comer sua cara, e comenzou a repeter: Zezão Pezão: pra les servir, Zezão Pezão: pra les servir...

Durante lo viaje nu taxi espavorido, la Lucy nos havía esplicado que lo Hotel Fantástico era coisa rara, algo así como la invensião dum outro mundo. Advertíu que cuando entrásemos deijásemos lo pasado afora du presente porque lo que lá dentro íbamos iniciar era lo futuro.

Nei bien atravesamos la porta, eu e lo Cholo sentimos uma patada nos huevos. Lo primeiro piso du hotel era uma mbaé verá guazú das raras artes. Uno espacio cuadrado, de unos ciem metros, com techos de vidrio, onde não havía nada que ficese pensar num hotel. Altas paredes brancas cobertas de cuadros pintados com merda de vaca, de hombre, de yacarés e bichos variopintos. Iluminacião bermeja e fumasa saliendo dus rincones, le dando a uno la sensacião de estar num verdadeiro inferno añarekó. Por toda parte, esculturas feitas com frutas e pedazos de fiambres: instalaciones montadas com bichos vivos: conejos: papagaios: chanchos: renacuajos... Num costado, uma imagen holográfica hiperrealista mostrando mulheres devorando hombres, nu meio duma selva: mulheres que depois se comíam entre sí, hasta que la última se comía a si mesmo...

¡AIAIAI! Vosé sabe que todo ese inferno añarekó era realmente de meter medo hasta a uno muerto. Tanto que eu, lo propio Sinforiano Ortiz, que nesa época era mais vivo e corajudo que lo supermán, temblei hasta lo karakú.

Te juro que eu ouviese salido disparando si não fuose por las tetas da Lucy: eses farolones que brillavam como dois kuarahy no medio das kuarahy´ã dese paisaje em descomposicião. Ouviese fuyido a toda velocidade si não fuose porque la rubia querendona me envolveu cuando empezou, com aires ñembofilosóficos, a explicar lo sentido da porquería. Tão lindo foi falando, falando, com sua voz de eireté he´ê que me ponia elétrico-elétrico, que me deijou tranquilinho, tal como si me ouviese cantado uno chamamé romántico.

Como uma doutora, la Lucy nos dijo, a mim e a lo Cholo, que lo que alí acontecía era uno museu du futuro. Entrar nele não sería apenas entrar, sinão ser parte duma entelequia artística. Em palavras dela, nesa tal de entelequia lo hecho estético acontecía na degradación ou descomposicião da mesmita materia da arte. Sua dinámica, realizada na fugacidade, sería sua imediata desaparicião. Toda uma conspiracião contra la forma como morte du instante. La obra de arte como uma porquería que todavía antes de ser terminada envejecía, se podría, emudecía, morría. Uma arte necrolática como alegato em favor da vida.

¡SISISI! ya sé que vosé estará pensando que eu não podía, nei poso, nei poderei nunca, jamais dus jamases, entender nei así du idioma da Lucy. Mas não é preciso que vosé pense tanto. É mejor que cierre sua boca barbuda, porque eu podería me enfurecer, e então, si te degüello das tripas au culo, lo pescuezo te saldrá pelo cogote . Mejor será que pongas teus ouvidos onde tuas orejas, e oigas. Pois vosé ya devería saber que eu sempre me importei apenas por la pu porã. Agora que estou morto, com mais razão. Pois la pu porã é carozo e au mesmo tempo pulpa dum durazno gostoso. Lo resto é viento que lo viento leva.

Mas la emocião que la Lucy me causou tentando explicar lo sentido da porquería como si me cantase uno chamamé romántico, não foi cuasi nada. Emocião mesmo foi la que me vino cuando comenzamos a subir la grande escalera de marmore blanco e de uno repente sentí uma purahéi explosiva que venía ¡CHUMBI-CHUMBI! baijando da terraza como uno incendio.

Me pareció ver las chamas que caiam como uma catarata, abrazando todo a su paso: ¡SHIKI-CHÍ, SHIKI-CHÍ, SHIKI-CHÍ, SHIKI-CHÍ! Lo grande fogo parecía empujado por uma bola de lata que baijava la escalerinha de marmole ¡TLA-TLA-TLA-TLA! picando em cada escalão e marcando lo pulso. Emcima de todo, entre chispazos, libremente danzava uma melodía alborozada ¡PIRIPÍ-PIPÍPI-RIPIPÍ-PIPÍ!

Cuasi caí redondinho ante esa purahéi tão desenfrenada cuanto lo chamamé. Cuasi me fui rolando escalera abaijo, com lo corpo encendido por lo fogo musical. Temblaron toditas las macetas de mi ser. Como si se me ouviesem afrojado unos parafusos, num lance de riesgo, agarré la Lucy por la cintura, le fice facer umas piruetas e exclamando ¡putaqueorpariu! ¡purahéi porã da são puta! la tirei pra arriba como se fuose uma pelotinha de goma, la atajé nu descanso da escalera, e alí mesmo comenzamos a danzar como dois desaforados.

Nu meio da danza, la Lucy me falou a la oreja que lo autor desa maravilha que se metía por meus ouvidos, por meus ojos e hasta por meus poros, era lo propio Dishéi Cachacón: mestre du ritmo, mburuvichá vanguardista da movida cachaqueira tecno-hard du caribe paraguayo.

Lo Cholo havía ficado num escalão, apenas mirando em seu estilo “quieto gato” que eu empezava a conocer. Mas de uno repente, não sei si se sentiu afetado por la música o qué coisa le pasou. Lo cierto é que agarrou sua zampoñita de tacuara e empezou a soprar e soprar uno gostoso yvytuí musical, siguiendo las inventaciones du DJ Cachacón:

mba´é ngururú
mba´é syryrý
mba´é sororó
mba´é chororó

Justo nese momento, nu medio da escalera du Hotel Fantástico, mientras eu danzava alocadamente com la Lucy au ritmo du DJ Cachachón, cuando lo Cholito empezou a soprar seu instrumento, aconteceu uma especie de contacto interestelar. Em mia zabeca foi algo así como si dois planetas chocasem nu bairro de La Boca. Se me acendierom todas las luces, ¡añamemby! todas las luces se me acendieron. Aí nomais larguei a la Lucy, agarrei minha cordiona de seis fileiras, me encomendé a noso grande pai Ñande Rú, a lo tata dios, a toditos los santos, e le entrei a sacudir chamamé y chamamé sobre cachaca tecno-hard...

Vosé não vai acreditar, mas ese sapy´ami ñembo ita verá em que eu abracei minha arrugada e comencei a tocar como si estiviese em piloto automático:

mba´é charãrã
mba´é pyambú
mba´é parãrã
mba´é guililí

ese sapy´ami michí, michimí, michí ra´ymi em que mia zabeca ficou virando e virando nu carrusel supersónico du chamamé cachaqueiro: ese cuasi suspiro, em que todo lo demais se me apagou como si eu ouviese entrado em coma 4, foi lo instante du nacimento da truculenta creatura chamada chamamé tropical, da cual eu, lo finado Sinforiano Ortiz, sou lo único, auténtico e verdadeiro pai. ¡AÑARETÃMEGUÁ, CARAJO!


(1) Em uno reciente mail-í, la escritora española-peruana-paraguaya Montserrat Álvarez me envió seu livro Underground. Parte du poema A una vieja, de dicho poemario, são los versos: “es mejor que cierres tu boca barbuda/ porque yo podría enfurecerme/ y entonces/ si te degüello de tripas a rabo/ el cuello te saldrá por el cogote”

Pukú: largo
Eireté: miel
He´é: dulce
Mba´é verá guazú: El dorado, la ciudad santa y brillante de los guaraníes
Añarekó: endemoniado
Karaku: tuétano
Kuarahy: sol
Kuarahy´ã: sombra
Ñembo: seudo
Pu: sonido, música
Porã: linda
Purahéi: canción
Mburuvichá: jefe
Yvytuí: vientito
Añamemby: hijo del diablo
Sapy´ami ñembo itá verá: instante de cristal
Michí: Chico
Michimí: Chiquito
Michí ra´ymi: hijo de lo chico
Añaretãmeguá: infernal

Séptima entrega

*

Lo taxi acelerou por Paseo Colón, subíu por Rivadavia, tomou Bolívar, depois Yrygoyen, Balcarce, Rivadavia e novamente se largou echando fogo por Bolívar. Así le ficimos uno moño rápido a la Praza de Mayo, que mi compadre lo Cholo quería me mostrar antes de nos zambullir na escuridão de São Telmo pra chegar a los fundus fondos de La Boca, lo bairro du clube azul e ouro dus meus amores. Seguimos hasta Brasil: viramos a la esquerda: baijamos a toda máquina hasta Paseo Colón: viramos a la direita: nos metimos em Brown: llegando a Brandsen, de nuevo a la direita: subir hasta Iberlucea: virar a la esquerda: facer apenas unos metros antes da nave se detener nu 532. Na frente de uno edificio mais antiguo que mia abuela, uno cartel facía tiqui-tiqui, deijando ler em palavras de lava ardente: HOTEL FANTÁSTICO - SIX STARS.

Eu estava que arreventava de emocião, com lo corazão retozando feito uno chamamé nu meu peito. Uno dus mais grandes soños de mia vida estava se faciendo realidade. Justamente, conocer lo bairro de La Boca e la Bomboneira havía sido lo motivo que me levou a juntar plata pra lo pasaje e corajem pra lo viaje, agarrar mia cordiona de seis fileiras e me subir nu trem branco chamado Grão Capitão, que me levantou em Paso de los Libres City e depois de mais ou menos tres días de viaje me deijou na Estacião Federico Lacroze.

Agora, reciém chegado a los Buenos Aires, eu estava alí, nu bairro azul e ouro dus meus amores, com lo sobolsi cheno de plata e lo peito inflado de orgullo e felicidade, baijando dum taxi espavorido com meu compadre lo Cholo e com la Lucy. La Lucy: esa rubia querendona que provocou aquele milagre milagroso nu trencinho fantasma. La mesma com la cual vosé, que sabe muito mais de mim que eu mesmo, e ya conoce meu caráter romanticón e cursi pelo cual me morí de uma morte súbita de amor no início desta novela, ya haverá maliciado hace rato que eu jamais dus jamases deijaría pasar oportunidade, despois que ela me mirase mborayhuhápe nu trencinho fantasma.

Mais se vosé también estava maliciando que eu não iba te contar lo que se pasou com la rubia mbarakayá-kÿrÿimi, fonte de minha maior inpiracião, que te trague lo culo du inferno. Si se te ocorre que agora que estou morto se me olvida contar los recónditos desta estória, lo karakú da novela de mia vida, que te coja lo Kurupí, pois agora mesmo amombe´upa la tembiasakué, pra arreventar lo chancho e te mostrar lo melhor du melhor du chamamé de todos los tempos.

Lo que aconteceu com la rubia querendona, foi que eu não perdí ela de vista nem uno segundo, nus 15 minutos que durou la improvisacião que com lo Cholo ficimos nu tren fantasma. De trás de meus antiojos negros eu ví ela me mirar muito mais mborayhuhápe cuando, feito uno ciego añarekó prodigio, comencei a sacudir los trapos da maravilhosa pieza General Madariaga, de don Ernesto Montiel. Ví como ela comenzou a mover lo corpo pra frente e pra trás, siguiendo lo compaso da música: le crecierom las pupilas hasta ficar cuasi mais grande que seus ojos: ficou paradinha discretamente num costado cuando lo bailongo explotou nu vagão: mirava pra mim e se relamía mientras marcava lo tempo com lo pie dereito. Finalmente, au me acercar a ela como uno mansito jaguapytã, com lo estuche de mia cordiana de seis fileiras cheno de pesos, dólares, patacones e hasta caramelos, vi que dentro de seus ojos havía 12.397 mujeres de cadeiras elásticas, todas elas queriendo danzar comigo uno bolero maroquero ou uno chamamé tropical.

Depois eu ví como ela, com grande delicadeza, abría sua carteira, sacava uno billete de 100 dólares e lo deijava caer nu estuche de mia cordiona de seis fileiras. Aí me deu uma desesperacião, umas ganas de le dar uno beijo em seu yurú-tembé carnoso e le inventar uno soneto chamameceiro, romanticón e cursi. Se me ocorreu que ela não acreditaria em versos de amor venidos de uno ciego, e que melhor sería primeiro le demostrar que eu vía plenamente sua lindura, e le deijar bien claro que sin ela lo milagro milagroso da música nunca ouviese acontecido:

oh rubia querendona que pagaste
muitu mborayhuhápe mia ceguera
eu poso demostrarte como era
mentira, mero engaño, ¡ciego un traste!

espero uno poema bien te baste
e não me vengas com que é zoncera
que iso se lo deijo a la mais fiera
pra vosé estos versos que ganaste:

92-62-90
son curvas que em teu corpo balancean
dejando mia zabeca que arrevienta

mias manos na cordiona pra que vean
que solo tua lindura viene a cuenta
e sin te ver lo chamamé se afea

Por sorte conseguí controlar lo impulso e não declamar em público lo soneto chamameceiro, pois alguém podía se sentir estafado e ficar muito pochy-pochy. Así que me guardei los versos na zabeca, e a la rubia querendona somente le dije obrigado. Mas cuando me virei pra ir embora, ela me agarrou pelo brazo e dijo que nosa música la havía levado a uno lugar maravilhoso, e que a modo de retribucião ela nos ajudaría a descender du trencinho fantasma a mí e a lo Cholo.

Quem sabe a qué lugar la música la havía levado a ela, mas a mí suas palavras me provocaram lo efeito de me sentir uno astronauta lanzado a lo espacio sideral. Se me hizo que iba pra arriba arriba dus cielos a la velocidade da luz, numa nave espacial. Ví que delante se cruzavam pajaros, aviones, nubes e estrelas, hasta que aterrizaba en uno lugar raro, cheno de marcianas poraité demais. Por último ví que eu baijava da nave e me ponía a danzar com las bichas, flotando em la no-gravidade, a lo ritmo de FM Chamamé 110,8 Mhz., uma señal que la NASA mandava en directo.

Logo despois de seu oferecimiento fiquei medio desorientado, flotando por unos segundos, mas enseguidita me compuse e la abracé. Ela rió mborayhuhápe e, com uma voz de eirete he´ê que eu nunca havía sentido, me dijo: eu sou la Lucy. Eu le dije que era lo Sinforiano Ortiz, correntino chamameceiro de nacimento e de corazão. Depois comencei a le contar todo lo que me havía acontecido desde que cheguei a los Buenos Aires, hasta haberme encontrado com ela em lo trencinho fantasma. Llegado lo momento le expliquei lo que me aconteceu cuando sua beleza me poseyó de forma tal que lo chamamé empezou a virar ¡zuuummmm zuuummmm! em mias venas, como uno linfocito enloquecido.

Mas eu ainda não havía chegado a esa parte deste capítulo da novela da minha vida, cuando ela nos levou a mí e a lo Cholo pra fora dus fundus fondos dus Buenos Aires. Estávamos parados na esquina de Corrientes e Alem cuando meu relato chegou a la parte em que eu veo que lo Cholo é uno cieguinho que ve muito bien cuando não le conviene, e eu le digo que también quiero ser uno músico ciego, e juntos decidimos montar uma sociedade de ciegos gua´ú. Nese insante ela ficou seria, com expresião de tristeza, como si algo se le ouviese quebrado nu corazão. Eu sentí muita pena e le oferecí de volta los cien dólares que nos havía dado. Ela respondeu que la plata não era lo problema.

Alí foi que subimos a lo taxi espavorido, porque lo Cholo dijo que si la plata não era lo problema, então não havía ningun problema, e que la fiesta era nu Hotel Fantástico, da calle Iberlucea, lo hotel mais espetacular du mundo todo, onde lo mundo todo quería ficar a viver.


Mborayhuhápe: cariñosamente
Mbarakayá: gata
Kÿrÿimi: tiernísima
Karakú: tuétano
Kurupí: dios o demonio de la sexualidad. Hombre pequeño, de cuero escamoso, orejas en punta, con los pies hacia atrás y una verga que le da varias vueltas a la cintura. Esta última virtud le permitiría embarazar a una mujer a la distancia
Amombe´upa: les voy a contar
Tembiasakué: historia
Añarekó: endemoniado
Jaguapytã: especie de onza o pantera colorada
Yurú (Jurú): boca
Tembé: labios
Pochy: enojo, enojado
Eireté: miel
He´ê: dulce
Gua´ú: falso

Sexta entrega

*

Vou te decir que ese encontro com lo cholito, nus fundus fondos du añaretá añarekó dus Buenos Aires, pareceu coisa de noso verdadeiro pai Ñande Rú. Tal como si lo viejo lo ouviese anotado num papelinho michimí cuando estava nu medio das tinieblas primigenias; uno papelinho que depois se le traspapelou entre tanta porcaría deste mundu, e que cuando lo viejo encontrou, entre tanta porcaría deste mundu, decidiu que se cumpliese lo que alí havía anotado.

Foi coisa verdadeiramente sobrenatural. Eu e lo Cholo éramos dois gentes que nei precisávamos nos falar pra entender lo que lo outro estava malisiando, tal como si fuósemos dois metades da mesma zabeca: pehengue mokõi zabeca ha´eveté. Dois partes que funcionando como uma lubricada maquinaria musical conseguíam la mais difícil operacião du mundu todo: facer musiquinha instrumental com lo sonido du pensamiento:

avañe´ê
parãrã pereré

Na estacião Callao eu e lo Cholo nos pusimos los antiojos negros, y tanteando lo aire com uma mano como dois cieguinhos desnorteados subimos a lo primeiro trencinho fantasma que chegou. Cuando las gentes se abrirom paso e nos mandamos pra dentro du vagão, eu ví desde trás de meus antiojos negros uno montão de caras de pescados mortos nos mirando duma forma mais fiera que la morte. Ouví terrívles voces que parecíam venir du mba´é pochy añá: ¡pobres cieguitos!

Te juro que lo miedo me fizo uno nudo nas tripas e tuve grandes ganas de salir correndo pra fora du trencinho, mas la porta ya havía se fechado. Mirei a lo Cholo pra le pedir auxílio, mas ele estava mirando pra lo techo du tren como uno verdadeiro cieginho, mientras falava não sei que coisa da caridade e das monedinhas. Aí mesmo me entrou uma temblequeira nas pernas e meu corazão empezou a fazer uno túky túky enloquecido que hasta me pareceu ver la bruma final. Mas vosé não vai acreditar mia suerte, porque justo então, antes que eu me desabase desmayado, aconteceu uno milagre milagroso: entre todas las gentes que nos miravam com suas caras de pescados mortos encontrei, como uno oasis nu deserto, los ojos de agua azul-azulina de uma rubia poraité demais me mirando mborayhuhápe: mbarakayá kyrÿimi la rubia querendona me mirava. Aí sí me volvió la sangre a lo corpo e lo coraje se me subió a la zabeca de uno repente. La música comenzou a correr feito uno carro de F1 por mias venas, e então decidí arreventar zabecas com uma improvisacião capaz de facer bailar hasta uno finado. Eu estava convencido de que se mostrase pra todo lo gentío dese trencinho fantasma quien eu era, então la rubia querendona sabería sin ninguna dúvida, com la certeza de um balazo, quien era lo verdadeiro patrão du chamamé.

Respirei fundo, deijei la bolsa com laranjas e chipá num costado, abrí lo estuche de mia cordiona de seis fileiras, la saquei como si fuose lo Antonio Banderas sacando uma metralhadora de 10.200 tiros por segundo nu medio du deserto mexicano, coloquei meu pié sobre lo estuche, me calcé la máquina sobre la perna direita, e com la zabeca perdida na música e na imagen da rubia querendona entré a escupir plomo pra todos lados, improvisando bonitu sobre ese chamamezaso chamado General Madariaga, da autoría du Grande Sr. da Cordiona, ex-embajador de Paso de los Libres City: ¡DON ERNESTO MONTIEL, CARAJO!

Vosé sabe que eu nunca na mia vida me olvidei, nei agora que estou mais morto que dios me olvido du que aconteceu imediatamente depois que eu empezase a meterle rosca a lo chamamezaso General Madariaga angaú. Lo que aconteceu foi que de repente todas las voces se apagaram e dentro du vagão ficou flotando sólo lo sonido de meu instrumento. Eu sentí como los bajos se movieron pesadamente pelo aire, atravesaron lo vagão entero, rebotaron contra la puerta e voltaron para onde eu estava mientras las notas altas fueron e vinieron em círculos, virando e virando sobre si mesmas, saltando como uma explosião de colores claros-claritos, sacándole como tres vueltas a las outras. Lo sonido de mia cordiona de seis fileiras se levantou como uno hongo atómico: chenou lo vagão du trencinho fantasma: invadiu los ouvidos de las gentes com uma forza arrebatadora: uma forza pior que la radioactividade, que fizo que algunos perdieram la respiração durante los primeiros dieciseis compases.

Dieciseis compases, ese foi lo tempo que lo Cholo permaneceu parado nu medio du vagão, duma maneira tal que parecía la persona más solitaria du mundu todo, mirando pra lo techo como si fuose la persona mais ciega du mundu todo, sem facer uno único gesto, como la persona mais sorda du mundu todo. Mas cuando eu cheguei a lo final da oitava vuelta, lo Cholo levou la zampoñita a la boca e empezou a soplar como uno loco uno bonitu yvytu-í musical:

lalá
pepé
popó
pupú
tytýí
kukúi

¡Purahei iporá! lo que estava se ouvindo. Tão iporá e espectacular que eu não podia nei acreditar. Lo Cholo parecía la reencarnacião de lo John Coltrane tocando uno chamamé angaú com uma zampoñita de tacuara.

La coisa se puso mais linda que mia hermana nu trencinho fantasma, que siguió viaje hasta parar na estacião Uruguay. Alí subiram mais pasajeiros, mas nadie baijou du noso vagão. La nave continuou viajando a 100 por hora, faciendo uno traca-traca de fierros que ya nadie mais ouvía, porque lo Cholo e eu, eu e lo Cholo, numa improvisacião maravilhosa chenávamos de música todos los recovecos onde podían se esconder los ruidos e lo silencio dentro das zabecas das gentes.

Iso acontecía porque los dois falávamos lo mesmo lenguaje: ñe´é porá tenonde, e nese acto de fazer música com lo sonido du pensamiento eu movía mias manos para expresar com mia cordiona de seis fileiras lo que ele pensava e ele soprava como louco, moviendo las manos, pra decir lo que por mia zabeca se pasava.

Fuimos hasta la estacião Carlos Pellegrini onde mais gente subió a lo trencinho sin que nadie baijase de noso vagão. Eu e lo Cholo continuávamos falando como si estuviésemos em outra dimensião. Mas noso lenguaje resultava tão universal e primitivo que aunque lo gentío não entendiese la gramática-í de nuestra música, nu fundu nu fundu sentía muito bien noso mensaje.

La melhor demostracião diso aconteceu cuando uma vieja se agarro sapyaitépe com uno pirucito com pinta de doctor angaú, e ambos los dois entraron a sacudirse siguiendo lo ritmo deorbitado que eu e lo Cholo le poníamos a lo chamamezaso de don Ernesto Montiel.

Lo trencinho todavía parou na estacião Florida, onde subiu mais gente, aunque nadie baijou du noso vagão.

¿E vosé sabe por qué nadie baijava du noso vagão? Ya haverá imaginado que iso acontecía porque todo lo gentío, que parecía uma selva de bichos raros enjaulados em suas roupas, rápidamente entrou nu taratí que com lo Cholo le largamos e se comenzou a descamisar que era uma belezura. De modo que cuando lo tren fantasma estava chegando a Leandro N. Alem, que esa era la estacião final du percurso, hermoso bailongo ya havía se formado dentru du nosso vagão.

Foi como si lo gentío se ouviese percatado de uno repente de que afora lo mundo estava se acavando, y antes de salir a la calle e enfrentar una morte segura ante una invasión yanky, un ataque de marcianitos verdes de Tim Burton o cualquier forma absurda de destrucción, ouviese decidido dedicar los últimos instantes de sua vida a bailar lo chamamé.

Cuando finalmente lo trencinho se detuvo e uno parlante falou que todos los pasajeiros devían descender du trem, eu e lo Cholo improvisamos a lo unísono uma coda super porá poraité:

túky túky
tumbýky tumbýky
fle fle

faciendo que lo último fle permaneciese nu espacio durante cuase dois minutos, até que solo solito foi se apagando, se misturando com lo silencio e lo barullo das tripas dus Buenos Aires.

Todo lo gentío comenzou a gritar ¡BRAVO! ¡BRAVO! ¡OUTRA MAESTROS! e eu com lo Cholo, que facíamos lo papel de cieguinhos mas não de boludos, empezamos a pasar por cada pasajeiro com lo estuche de mia cordiona de seis fileiras.

Lo resultado foi que logo depois de receber uma inyeción de vida que durou mais ou menos los 15 minutos de nosa improvisacião, los pescados muertos redivivos colocarom pesos, dólares, patacones e hasta caramelos, que numa conta final nos deu como 1.233 pesos, dividido por 2 = 616,50. Nada mal pra ser noso primeiro trensinho fantasma du suceso.

Añaretá: infierno
Añarekó: endemoniado
Ñande Rú: en la cosmogonía guaraní, el padre creador
Michimí: pequeñito
Malisiar: pensar
Pehengue: pedazo, fragmento, parte
Mokõi: dos
Ha´eveté: mismo
Mba´é pochý: maldito
Añá: diablo
Mborayhuhápe: cariñosamente
Mbarakayá: gato
Kyrÿimi: tiernísima
Angaú: falso
Yvytu-í: vientito
Purahei iporá: música hermosa
Ñe´é: palabra, lenguaje, alma
Porá: hermoso
Tenonde: primigenio
-Í: sufijo deminutivo guaraní
Gramatica-í: gramatiquita
Sapyatitépe: súbitamente
Pirú: flaco

Quinta entrega

*

Cheguei a los Buenos Aires em uno tren branco chamado Grão Capitão, que me levantou em Paso de los Libres City e depois de mais ou menos tres días de viaje chegou a la Estacião Federico Lacroze. Au baijar du tren e salir da estacião me encontrei com que los Buenos Aires era uno verdadeiro añaretá añarekó, como ya havíam me falado; mas te conto que pra mim resultou uno añaretá añarekó muito bonitu demais: uma ciudade que funcionava como uno sistema de eletro-choques, desde lo primeiro momento le metiendo bomba e bomba a minha emocião.

Lo primeiro arrebato me aconteceu nei bien salí da Estacião Lacroze e quise atravesar la avenida du mesmo nombre. Iba pela metade da calle cuando lo semáforo ficou verde de uno repente, e los coletivos, carros e motocas empezarom a pasar ¡FIUMMM! ¡FIUMMM! pracá e pralá. Eu fiquei alí mesmo, no medio da avenida añarekó, parado unos diez minutos, com lo corazão na bouca, eufórico de emocião entre todos eses veículos que facian uno gostoso vientito: yvytu-í musical me acarinhando la alma du corpo. ¡QUE FELICIDADE! estar nu medio de uma avenida dus Buenos Aires, com minha cordiona de seis fileiras numa mano e uma bolsa com chipá e laranjas na outra, ouvindo iso que soava como uma orquesta com rodas: presto, súbito, acelerando, prestísimo, a toda máquina... Uma verdadeira arremetida de música que durou apenas unos diez minutos mas que podía haverme levado a la gloria se não fuose por lo policía que vino e me tocou lo pito: prrrrr, prrrrrrrrrr me fizo, e ¡PUTAQUEOPARÍU! me vi obligado a atravesar la avenida faciendo fuerza pra la música não se escapar de minha zabeca.

Na vereda me puse a observar atenciosamente lo añaretá añarekó dus Buenos Aires. Então me percatei da belezura da ciudade: cien mil angelinhas Lucyfer poraité demais saltando pra todos lados, saliendo de cada buraco, de cada piedra, de cada canto saliendo. ¡AIAIAI! tanta lindura toda junta me deu uno mareo: fiquei desorientado e comencei a virar e virar como uno trompo gordo na vereda infernal: meus ojos prontos pra arreventar, feitos dois globos chenos de angelinhas Lucyfer.

Foi uno estado de trance lo que me atacou na vereda enfrente da estacião Lacroze. Enseguida, nu medio da inspiracião, ouví uma voz melodiosa que me fizo uma revelacião que cambiaría minha vida pra sempre. Parecía venir das moradas de noso verdadeiro pai Ñamandú la purahei porá voz que me dijo: Yvymarae´ÿ ko´ápe los Buenos Aires, ñande tekohá onde la cumbia e lo chamamé crecen como lo avatí e las angelinhas são imortales.

¡ÓHQUETE! Bonito me estremeceu la voz. Tão muito tanto que ahí nomais decidí ficar a vivir nus Buenos Aires, pra le meter rosca a lo chamamé e acarinhar las angelinhas Lucyfer poraité demais como se tocase em semifusas minha cordiona de seis fileiras:

taratatá
perepepé
piripipí
tiritití
turundumdúm
dum dúm
charráu

Cuando conseguí me equilibrar me acerquei a uma angelinha Lucyfer procurando me orientar. Acomodei la voz a lo Pavaroti, empujando lo aire du estómago pra la zabeca, e le perguntei onde ficaba la cancha de Boca Juniors, lo clube azul e ouro dus meus amores. La angelinha me mirou como si eu fose uno marciano e acelerou lo paso. Parei mais umas diez angelinhas, mas todas facían cara de surpresa, como se eu ouviese salido du Discovery Channel. Meu último intento foi dirigido pra uma monjinha poraité demais que pasou moviendo lo uquelele: sucundún-sucundún, duma forma que me pareceu uma invitacião pra facer flékiti-flékiti (2), e que me fizo correr trás ela emocionado. Cuando la alcancei me virei pra seus faroles e me persignei tres vezes antes de le perguntar onde ficava la Bomboneira. La hermanita saliu corriendo e gritando socorro. Eu me fice humo: fumasa: tatatî entre todo lo gentío, sem entender por qué las angelinhas Lucyfer me miravam como si eu fuose uno bicho. Finalmente, cansado de impostar la voz, decidí perguntar diretamente pra uno viejo que vendía panchos na esquina duma pizzería. Lo viejo me explicou cinco formas distintas de chegar a la Bomboneira. Eu escogí meterme nu buraco negro que te leva pra los fundos fondos subterraneos dus Buenos Aires.

Nas tripas da ciudade luz entrei a uno trencinho fantasma que em pouco tempo ficou hasta lo techo de gente. Las portas se fecharom e la máquina comenzou a andar traca-traca-traca-traca. Lo gentío iba muito serio, como si ouviese ocurrido uma tragédia e todos fosem pra uno velório. Mas te conto que a mí, lo que é a mí, la felicidade me salía pelas orejas. ¡QUE SENSACIÃO! andar num trem fantasma, dentro das tripas dum monstro gigante que regurgitava como se fose uma máquina gigante de comer gentes, faziendo uma música mecánica maravilhosa: traca-traca-traca, pssssssfffffffff, ayyy, traca-traca, uyyyyy, traca, pssssssffffffff, traca-traca, hijoeputa, traca, pssssssffffff, traca-traca, traca, pssssssffffffff, próximaestación, traca-traca, CarlosGardel, traca, pssssfffffff...

Eu iba com los ojos fechados, sentindo la música de fierros e gritos, cuando de repente ouví uno turututú cuasi tão dulce y alegre como lo chamamé ¡mas não tanto! que me invadiu lo corazão. Cuando abrí los ojos vi uno tipo de antiojo escuro soplando uma zamponha e danzando pracá e pralá. ¡AIAIAI! Aí sí que muitu me gostou la coisa, porque iso era como viajar num trem fantasma pelas tripas dus Buenos Aires com música funcional em vivo. Cuando percebí que la gente le daba monedinhas me dei conta de que lo tipo era ciego e sentí lástima. Eu, que não tenía monedas, le puse em la mano uno chipá com forma de pescadito que minha abuela havía me preparado pra lo viaje. Lo tipo me dijo que ele quería dinheiro e não chipá com forma de pescadito, e então me dei conta de que era uno ciego gua´ú que vía muito bien cuando não le convenía. Alí nomais, sem perder nei uno segundo, le dije que eu também quería ser músico ciego e le mostré minha cordiona de seis fileiras. Lo tipo me fizo uma sinal com la zabeca pra baijar na seguiente estacião.

Nunca, nem agora que estou morto vou me olvidar que foi na estacião Callao que lo tipo me deu outro antiojo escuro que sacou du seu bolso e me dijo: eu sou lo Cholo de Trujillo, poeta del azar y músico dodecafónico-concreto-experimental, minha única família é meu burro e ser ciego minha profisião. Eu respondi: Sinforiano Ortiz, correntino chamameceiro de nacimento e de corazão, romanticón, folclórico y cursi, pero corajudo. Minha cordiona de seis fileiras toca hasta lo que eu não sei tocar.

E así foi que comenzou minha sociedade com lo Cholo, lo peruano mais desorbitado que eu ya ví sobre la fase da terra, que se vino a pie desde Trujillo, sólo solito com sua zamponha, seu burro, sua bolsinha de poemas e mais nada. E alí ficou firmado e sellado apenas lo início, lo ta´ÿi tenonde de la revolución mayor du chamamé, hoye em día lo tecno-chamamé, que ya é furor nas discoteques, nas radios, na tevé, nus satélites mundiais du mundu todo, e que hoye lo mundu todo baila como si estiviese posuído pelu mesmísimo demonio: añá. ¡AÑARETÃMEGUÁ, CARAJO!


(2) Em mail-í reciente, lo poeta paraguayo Jorge Kanese (o Canese) me propone abonar com merda galáctika uma po´ëtika de 3 fronteiras: “Muerte-Lokura-Flékitiflékiti”. (sic)

Añaretá: infierno
Añarekó: endemoniado
Yvytu: viento
-Í: sufijo diminutivo guaraní
Yvytu-í: vientito
Poraité: hermoso
Purahei: música
Porá: lindo
Yvymarae´ÿ: para los guaraníes, la prodigiosa Tierra sin Mal donde el maíz crece solo y los hombres son inmortales
Ko´ápe: aquí
Ñande: nuestro
Tekoha: ecosistema natural dónde se desenvuelve el teko, o modo de ser del guaraní
Avatí: maíz
Tatatî: humo
Gua´u: falso
Ta´ÿi: semilla, esperma
Tenonde: primero
Añá: diablo
Añaretãmeguá: infernal
Mail-í: mailcito

Cuarta entrega

Estoy diciendo que los muertos
tenemos un idioma. Mínimo
minimorum: michimí.

Jorge Kanese


2

Mas pra te contar bien esta estória chamameceira tengo que te falar dus tempos cuando eu ya facía desastre nus Buenos Aires, bien antes de todo que te contei nu capítulo anterior, antes que eu me moriese da forma mais absurda e cursi posible, uma morte súbita de amor da que uno sólo pode se morir nas mais piores novelas. Incluso de bien antes que lo chamamé fose tecno tengo que te falar, precisamente de cuando eu parava nu Hotel Fantástico da calle Iberlucea, em lo bairro de La Boca, lo clube azul e ouro dus meus amores.

¡AHHHH! Me sube uma nostalgia pior que la tristeza cuando recordo aqueles días sem noites com meus colegas du Hotel Fantástico: lo Cholo, que se havía venido a pie desde Trujillo, sólo solito com sua zamponha, seu burro, sua bolsinha de poemas e mais nada; lo DJ Cachacón, que se vino de Asuncião com uma valija de CD´s truchos, decidido a triunfar nas discoteques portenhas; lo Zezão Pezão, que chegou da Paraíba com los botines nu ombro pra provar sorte nu futebol e terminou tocando lo bongó e la tambora nu meu conjunto de chamamé tropical Los Chakembói. Depois estavan la Lucy e suas gurisas, Marta, la travesti boxeadora, e lo Bolita, que chegou de La paz e se puso uno quiosquito dentro du hotel onde vendía desde merca hasta curitas e inyeciones, quiniela, pan caseiro, salamines e libros de poesía.

Aqueles fueron tempos maravilhosos da mia vida, nu Hotel Fantástico, famoso nu mundu todo pois lo mundu todo sabía que ese era lo único hotel du mundu todo onde jamais se descansava. Hasta nas guías pra turistas aparecía que cuando alguém quisese conga, carnaval e visiões du outro mundu era sólo entrar pela portinha de Iberlucea 532 e subir la escalerinha que chevava a la terraza onde havia sempre uma alegría de purgatorio em festa. Torý, torý guazú de la san puta lo que havía na terraza du Fantástico las 24 hs. du día.

Vosé tenía que ver ese lugar, uma verdadeira lindura como jamais dus jamases se viu, com uno espetáculo único, de natureza irrepetível. Mezcla de puterío com teatro, de circo com discoteque, de cueva de narcos com centro cultural, la terraza du Fantástico parecía uma calesita em piloto automático, lo tempu todo meta chumbi-chumbi, baile e alcoóu. Um lugar onde vosé podía ver uno chow diferente a toda hora, sin que jamais se repetise. Espetáculos que eram revolcones de realidad: como si a vosé le cortasen sobre la mesa, nu mantel branco, uma vaca viva em pedacinhos, e aí mesmo le servisem lo bife crudo num plato de plata. ¡Verdadeiros sopapos espirituales!

Era sólo vosé subir lá e se meter nu cachengue, tomar unos traguinhos de guaripola e comezar a danzar, comezar a virar e virar entre lo tatatî, debaiju das lucinhas bermejas fazendo tiqui-tiqui; era sólo vosé presenciar algum dus espetáculos que alí nacíam como creaturas feias que saíam movendo suas zabecas deformes pracá e pralá; vosé dar uma miradinha pra lo cielo estrelado e la bahía du Riachuelo que de lá acima eram uma bonitura, e ¡BARBARIDADE! enseguida era coisa de vosé sentir uma sensacião de eletricidade corriendo pela vertebral, seguida de uno desejo convulso de querer ficar a viver nu Hotel Fantástico pelu restu de sua vida.

¡AHHHH! qué nostalgia me sube cuando recordo aquele lugar mágico e aqueles tempos idos, cuando eu ya me balanzava com mia cordiona de seis fileiras tocando sem parar sempre uma coisa inédita com meu conjunto de chamamé tropical Los Chakembói. Tempos aqueles cuando eu ainda não era uno muerto: morto: angué, e ya pulsava nus Buenos Aires minha arrugada velha, que apenas se entrava a estirarar me sacava hasta las últimas lágrimas da depresião e todito me volvía claro (1). ¡N´derevikuá! ¡Qué emocião!


(1) En un mail-í reciente, el bandoneonista Juan Bentos, amigo chamamecero de Paso de los Libres City, me expresó su sentimiento de tocar el bandoneón en la frase: “Cuando se entra a estirar el arrugado viejo, salen hasta las últimas lágrimas de la depresión y todo se vuelve claro”. (sic)

Michimí: pequeñito
Chakembói: Cuidado con la víbora
Torý: felicidad
Torý guazú: gran felicidad
Cachengue: fiesta
Guaripola: aguardiente
Tatatî: humo
¡N´derevikuá!: ¡La concha!
-í: sufijo diminutivo del guaraní
mail-í: mailcito

Tercera entrega

*

Mientras meu conversível volava pelas calles de Paso de los Libres City, com lo estéreo cuspiendo uno chamamé-tecno-hard desordenado, la minina foi entrando em mias roupas, fazendo com la boca uno rumor de serpente, uno incesante bzzzzzzzzz de cobra coral que me facía arrepiar até lo corazão. Todo era uno desastre dentro dese carro endemoniado: a língua da minina-serpente poraité iba tatuando em mia verga uno verano de crímenes e incendios: eu apertava lo acelerador com alma e vida: conducía a lo Chumager, pero com uma única mão: la outra paseava pelas tetas da minininha que movia la cola faziendo uno barulho de serpente cascavel: crrrrrr-crrrrrr, mientras me chupava gostosamente como si quisese se tragar lo meu cérebro. Así fuimos por Av. Madariaga num suspiro, viramos na Pago Largo e em seguida na Colón Street. Nesa esquina perdí lo control da nave. ¡IIISHHHHH! Parecía que fósemos nos virar de patas pra lo aire mas quedamos em dois rodas. La menina poraité se asustó e apertó los dentes. Eu dei uno grito de ¡HELP!, mas enseguida, nu desespero, conseguí estabilizar la máquina pra que ela afrojase los maxilares. ¡FIUFFFFF! Trinta segundos mais e ya havíamos percorrerido Colón Street de ponta a ponta, havíamos virado na Belgrano e logo depois na Cnel. López, que logo de percorrer nos deijou na porta do Hotel Alejandro Iº onde aperté los freios até lo fundo. Então foi que me explodiu uma bomba de semem colorido entre as pernas: azul, bermejo, amarelo, branco, verde, preto: uma bomba de semem sobrenatural desparramada por todo meu conversível: uma verdadeira obra de arte du siglo 22.

Baijamos du carro e entramos nu hotel. Mia minina poraité caminava feliz, como si ouviese acabado de comer uno sorvete cuya metade derreteu em suas mãos, em seu rostro, em sua roupa e iso a deleitase. Parecia Tupâ andando feliz, desnudo pela selva. Subimos a la mia suite du oitavo andar. Pela ventana se vía as luces de uno e outro lado da fronteira dos meus amores. Sobre lo río color de tierra uma ñasaindy iporá facía uno reflejo dorado tão maravilhoso que me deu uno ataque de ternura. Abrazei a la minina poraité e com voz de tortuga enamorada le perguntei lo nome. Ela respondeu com uno beijo de labios carnosos, uno beijo de lengua com uno sabor de eireté he´ê, he´ê como eu nunca havía sentido, uno beijo que durou mil anos em uno minuto e me fizo temblar las macetas de mi ser.

Eu queria quedar a viver naquela boca, mas ela me largou de repente e comenzou a rir como uma louca. Não sei te decir si ela ría de felicidade ou si ría da mia cara de akãraku. Lo cierto é que ela comenzou a percorrer la suite em uno vaivém pracá e pralá, cuase moriendo da risa, até que se deijou cair no colchão de agua e ali comezou a dar voltas e voltas explodindo em carcajadas. Depois se acalmou e comenzou a nadar nu colchão de agua como si fose uma canoa a la deriva nas olas imensas de uno pará guazú. Enseguida comenzou a lamer suas manus e seus brazos. Gemia como uma gata em celos. Se doblaba balanzandose pra cima e pra abaijo como la mulher de goma. Se sacava as roupas despaciosamente mientras naufragava nu colchão: blooogggg, bloooggg.

Eu me pasei tanto tempo repetiendo esa frase que dice “lo momento mais grave da mia vida no ha chegado todavía”, que agora devo reconocer que esa noite, despois do chow espectacular na discoteque El Quijote e da viajem espacial na mia nave conversível com uma minina-serpente poraité, esa noite na mia suite du oitavo andar du Hotel Alejandro Iº, o momento mais grave, pohýi, dificílimo da mia vida finalmente chegou. Porque vosé sabe que eu sou mais sensiblón e enamorado que lo Luis Miguel, mas não sabe que desta vez lo amor foi coisa fiera. Me atacou primeiro lo corazão e enseguida me pegou directo na zabeca. ¡Añareko! ¡mborayhú del diablo!. ¡Tres veces añaretãmeguá!. Esa minina poraité me trabalhou la sangre como se fose uma febre naquele verão esbaforido. Lo amor me atacou lo corpo como uno fogo (tatapÿi: tata: tatarendy) subindo de los pies em uno formigueo. Depois foi uno temblor nas pernas, unos retertores na virija e uno braqui-braqui no corazão. Nu último final, antes que eu tiviese tempo de aspirar mia medicina, los ojos se me viraron pra dentro, se me apagó la visião du mundo e me desabei todito, enteramente demoronado. Opáma mi chiqui-chiqui de repente. Omanó eu, lo rey du tecno-chamamé. Muerto: morto: angué.


Poraité: hermosa
Tupâ: deidad guaraní
Ñasaindy: luz de la luna
Iporá: cosa linda
Eireté: miel de abejas
He´é: dulce
Akãraku: enamorado
Pará: agua grande, mar
Guazú; grande
Pohýi: pesado, grave
Añareko: endemoniado
Mborayhú: amor
Añaretãmeguá: infernal
Tatapÿi: brasa
Tata: fuego
Tatarendy: llama
Opáma: acabar
Omanó: morir
Angué: muerto

Segunda entrega

*

Agora, te conto que coisa pra minha sorpresa foi, e posso jurar que não minto, que cuando terminei la frase anterior la minina poraité demais ya estava sentada dentro da minha nave conversível, se desabrochando la blusinha azul celeste, me piscando lo ojo como si ouviese sabido da vida toda que este momento chegaría, e por este momento ouviese estado esperando cada día, a toda hora se pintando la boquinha frente a lo espejo, de uno bermejo sangre se pintando, para que quando este momento chegase sua boquinha pareciese uno morango encarnado partido al medio de tão ajú: ajuetereí: ajuetereirasá. Madurisisísimo.

Cuando eu vi iso me hirvió la sangre, e então caminei entre todo lo gentío por mim detestado e amado a la mesma vez. Avancé me abrindo paso entre la multitú, como si eu fose uno Monzón o uno Taison sudaca rumbo ao ringui da felicidade. Mejor diciendo, te juro que Monzón ou Taison ouviesen caminado como eu, cuasi danzando, si ouviesen ido procurar lo título mundial com la zabeca toda chena de uma música desenfrenada e triste e encima do ringui estiviese los esperando uma minina porã porã, tão poraité demais, que uno ficava bisco de tanto mirar, e le atacavam a uno visiões de outro mundo: uma flor gigante da que salíam volando mulheres desnudas, uma cidade com seus túneles e avenidas, uma chuva de vacas como la que cayó en Sidney West cayendo sobre Paso de los Libres City, ou quem sabe cuantas coisas que naquele momento de emoción se me fuyeron da sabeca ou que agora não me poso mais lembrar.

Chegando a la minha nave conversível subí de uno salto e cerré lo techo. Acontece que la multitú tenía nos rodeado mientras danzaba ensoberbecida uno cateretê de meter medo a cualquer uno, au tempo que aullava La mata hombre, que vosé sabe foi lo primero git meu que levantou polvadera no planeta:

ela vem sacudiendo suas caderas
uma dosis de sexo rimbombante
te chupa te mueve pra trás pra adiante
sin sueño ou descanso noites enteras...

Así aullava la multitú que de repente ficou violenta e ¡AIAIAI! parecía vítima de súbita loucura cuando entró a bater lo conversível que sonava como si fose uma maquinaria de facer chamamé-tecno: tacatá-tucuchúmbi-chichí-tacatá-tucuchúmbi-chichí...

Nesse momento eu pensei que não te contaria lo cuento, porque feché los ojos e vi eu e minha minininha poraité convertidos num montão de nada. Quise pensar nu futuro mas não conseguí, como si lo tiempo ouviese terminado. Se me ocurrió que ya não fósemos dois corpos acendidos: tatapÿi: tata: tatarendy: uno montão de pelos e nervos e flujos e sangue borboteante, uno cheiro de bicho misturado com Channel, as tetinhas paradinhas de minha minininha, as dois bombas de urânio enriquecido que ambos los dois levávamos entre as pernas. Cuando feché los ojos vi que nos dois já não esistíamos. Convertidos em nenguna nada éramos de volta a las tinieblas primigênias, onde sólo hay lo silencio. Mas então foi que la coisa não me gostou nada e me puse bravo bravo, porque eu não poso me imaginar no silêncio primigênio onde não tem lo chamamé. Por iso abrí los ojos, acendí la máquina, puse lo turbo e salimos tocando tutuu-tutuuuuuu-titiiii, em minha nave conversível, deijando algunos mal feridos detrás. ¡Añaretãmeguá!


Poraité: hermosa
Ajú: maduro
Ajuetereí: madurísimo
Ajuetereirasá: madurisísimo
Porá: linda
Cateretê: bras. dança rural muito difundida em que os participantes formam duas filas, uma de homens e outra de mulheres e, ao som de música, sapateiam e batem palmas
Tatapÿi: brasa
Tata: fuego
Tatarendy: llamas
Añaretãmeguá: infernal

Primera entrega



Marcelo Silvakov



CHAMAMÉ


(Del guar. sign. inc.)
1. che ama mi: mi amiga, mi ama, mi dueña.
2. che amo´ä memê: doy sombra a menudo. (Enramada).
3. che memê: siempre yo, yo constantemente.
4. che ámeme: me hamaco
5. che aimé amamé: estoy en la lluvia.
6. che amé´ë: yo doy, yo entrego.


*


Lo verdadeiro pai Ñamandú
no medio das tinieblas primigenias
creou primeiro lo lenguaje humano
e logo despois lo chamamé.




¡Estes son tiempos de arreventar la vida! Fazer das tripas e das venas uno instrumento e le dar manivela a la maquinaria musical. Aí tem desparramo por todo lado: nos bailongos, casorios, velorios, navidades, reis magos, conejito de pascoa, quince anos, e em toda cuanta fiesta meu fuelle vai fazendo vientito entre los corpos calientes. Meu fuelle que larga uno chinchorro de melodías de azuquita misturadas com uma batida de samba entre 2/4 e 6/8 pra embalar lo baile hasta lo amor pegar fogo e nadie mais ficar em pé, ¡mborayhú!. Pulsar los bajos e lo piano como acarinhando dois mininas a la mesma vez e que cada uma sienta que le toco lo caracú, la alma del corpo, la guayabita tierna que le toco, le faziendo en semifusas uno gostoso kunu´û. Porque eu sou uma cucharita de miel o uno terremoto de very very mach cariño cuando toco El buscapié, La mata hombre, Akavãi o Até o sol raiar: algumas das minhas piezas, lo melhor du melhor du chamamé-tecno de todos los tiempos. Porque afinal eu sou lo pai de la creatura, lo creador mesmo deste monstritinho que hoye é furor nas discoteques, nas radios, na tevé, nos satélites mundias du mundu todo, e que hoye lo mundu todo baila como si estivese posuído pelu mesmísimo demónio: añá, ¡añaretãmeguá, carajo!.

¡Aiaiai! Cuasi que me muero afogado de tanto falar. Mas no importa no importa porque justo así sin parar nei pra respirar é que devo te contar esta estória pra não faltar a la verdade, porque asim mesmo foi que falei para la minina poraité demais que me agarró a la salida de mi chow na discoteque El Quijote, en Paso de los Libres City. Asim mesmo le falei, e iso foi todo que le dije cuando me pegou pelo pescuezo después du meu recital espetacular, me pidiendo que le autografiara donde más quisiese. ¡Sisisí!, te juro por minha santa mamacinha que está en los cielos, que le autografiara donde más quisiese me pidió. Entao se me acendieron todas las luces, ¡añamemby! todas las luces se me acendieron, e le conté lo que se pasa cuando eu toco lo chamamé-tecno con very very mach cariño en mi cordeona de seis fileiras, como si estiviese acarinhando dois mininas a la mesma vez. Depois le conté que sou lo pai de la creatura e esa estória que não todo lo mundu sabe, e le dije que donde mais eu quería le autografiar era em minha suite du hotel Alejandro I, no oitavo piso de lo único edificio arañacielo de Paso de los Libres City, donde tengo uma vista porã porã para lo río, la ponte, la majestuosa Uruguaiana City e la costa toda onde nace lo sol nesta frontera dos meus amores.